No final dos anos 1950 a fábrica estava em pleno funcionamento, pois além de estar bem posicionada geograficamente foi impulsionada pelos setores da construção civil até a década de 1970. Inaugurou-se um período de euforia na cidade e os empregos foram monopolizados por ela, pois as pessoas pararam de ter iniciativas próprias para trabalhar na fábrica, uma vez que o salário era relativamente alto e havia benefícios adicionais. Até duas pequenas fábricas familiares que produziam laticínios de boa qualidade encerraram suas atividades na época. O Sr. Terra observou que “um motorista que trabalhava na fábrica tinha mais status na cidade que um médico, os funcionários da fábrica estavam na moda, entravam primeiro nos bailes, namoravam as moças mais bonitas da cidade”.
Na década de 1970, a fábrica tornou-se a segunda maior produtora de cimento da América Latina e a população de Barroso estava cada vez mais envolvida e orgulhosa – “a fábrica começou a ter um punhado de usinas hidrelétricas construídas, por exemplo, em Três Marias, a binacional de Itaipu, a usina de Ilha Solteira em São Paulo”. Segundo ele, o cimento de Barroso teria sido utilizado em grandes obras como o aeroporto Tom Jobim no Rio de Janeiro e na construção de Brasília. Possuía um número alto de empregados – aproximadamente 1500, chegando a ser a maior empregadora da cidade.
A identidade do município se confundia com a da empresa, o qual se organizou social e economicamente em função da fábrica. Tornou-se dependente desta e também da prefeitura, as quais eram as principais empregadoras locais. Tal situação fez com que o poder público local também ficasse dependente da indústria, uma vez que o imposto arrecadado era alto. No início dos anos 90, as mudanças no mercado consumidor, a automação, a tecnologia, as novas maneiras de gerir o negócio e as exigências por controles ambientais rigorosos impuseram a necessidade de novos investimentos.
O Grupo Paraíso (companhia que inaugurou a fábrica) passou a atravessar dificuldades econômicas e iniciou um processo de busca por compradores de suas fábricas de cimento para garantir a continuidade do negócio. Foi nesse contexto que em 1996 a Holcim Brasil (então chamada Holdercim) adquiriu as unidades do Grupo Paraíso, incluindo a localizada na cidade de Barroso. Para se adaptar às demandas do mercado e também às exigências dos órgãos ambientais, de 1996 a 2000, a Holcim teve de modernizar seu sistema produtivo e implantar uma gestão ambiental.
De 2012 a 2016 ocorreu a expansão da indústria, que conta atualmente com 175 mil metros quadrados de área construída e capacidade de produção de 6,5 toneladas/dia, três vezes mais do que anteriormente. Ocorreram também melhorias relativas aos problemas ambientais, como a instalação de filtros, desenvolvimento de projetos na comunidade, etc. Cerca de R$2 bilhões foram investidos na obra pela empresa suíça Holcim, que em junho de 2015, anunciou a fusão com a francesa Lafarge, passando a se chamar LafargeHolcim, com objetivo de atender à forte demanda por cimento nos mercados brasileiros, principalmente os de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
No dia 24 de maio de 2016, a empresa foi reinaugurada, sendo considerada a mais moderna fábrica de cimento do Brasil. Compareceram no evento o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o embaixador da França, Laurent Bili, o embaixador da Suiça, André Regli, a prefeita de Barroso, Eika Oka de Melo, o CEO (Diretor Executivo) do Grupo LafargeHolcim, Eric Olsen, o CEO da LafargeHolcim Brasil, André Martin, além de funcionários e ex-funcionários da empresa. Atualmente a empresa opera em 90 países e tem aproximadamente 115 mil empregados nos cinco continentes, dispondo de uma linha exclusiva de produtos e serviços para projetos de construção.
Prossiga para: Como o cimento é produzido?
Volte para: Por que o cimento começou a ser produzido em Barroso?